Publicado em 17/04/2025 às 11:52
Prefeitos da região defendem, em audiência pública na AL, traçado original da Ferrovia Norte-Sul
Uma comitiva da região, liderada pelo presidente da Associação dos Municípios da Zona da Produção (Amzop) e prefeito de Seberi, Adilson Balestrin, participou de audiência pública na Assembleia Legislativa do RS para debater a malha ferroviária gaúcha, com ênfase na obra da Ferrovia Norte-Sul (FNS). Também integraram o grupo o prefeito de Palmeira das Missões, Evandro Massing, o prefeito de Liberato Salzano, Gilson De Carli, e o vice-prefeito de Palmitinho, Paulo Piaia.
A audiência, promovida pela Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da AL, foi conduzida pelo deputado Miguel Rossetto (PT), proponente do encontro. A abertura ficou a cargo do presidente do colegiado, deputado Gustavo Victorino (Republicanos). Os representantes regionais foram unânimes na defesa do traçado original da ferrovia, já aprovado pelo Governo Federal, que cruza diversos municípios do norte do estado. Destacaram, ainda, a importância de aproveitar a infraestrutura existente e a logística integrada que a FNS pode oferecer.
O presidente da Amzop, Adilson Balestrin, frisou o valor estratégico do projeto para a região. “Estamos empenhados em garantir que o traçado da Ferrovia Norte-Sul e pelos municípios que já possuem um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) favorável. Esta é uma oportunidade única para impulsionar nossa economia, conectando-nos de maneira eficiente aos principais centros de produção e exportação do país”, afirmou.
O deputado Miguel Rossetto salientou que o objetivo da audiência foi, além de avaliar a situação das ferrovias no RS, inserir o estado no plano nacional de desenvolvimento ferroviário. “Esse debate tem caráter de urgência, pois o Rio Grande do Sul está hoje desconectado do restante do país por ferrovias, especialmente após o colapso da ferrovia Lages/Barros Cassal, devido às enchentes do ano ado”, explicou. Segundo ele, os modais logísticos são fundamentais para o desenvolvimento e a qualidade de vida. “Outros países investem pesado em modais diferenciados, como ferrovias, vias fluviais e cabotagem. Precisamos repensar nossa logística, considerando a posição geográfica e o crescimento econômico do RS.”
O Secretário Nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, Leonardo Cezar Ribeiro, também participou da audiência e garantiu que o Rio Grande do Sul está incluído no planejamento nacional para o setor ferroviário. Segundo ele, o fim do contrato de concessão com a Rumo S/A, em 2027, representa uma oportunidade para construir uma solução logística mais eficiente, com maior integração nacional via ferrovias.
Ribeiro destacou que, além de eficiência econômica, as ferrovias geram emprego, renda e menor impacto ambiental. “Ferrovias também são instrumentos de mitigação das desigualdades sociais, pois atravessam diversas regiões e contribuem para sua integração e desenvolvimento”, pontuou.
Ele reconheceu os desafios para atrair investimentos e reiterou a necessidade de manter a infraestrutura existente e expandir a malha ferroviária. “Nosso plano nacional dialoga com o plano de logística e o plano setorial de ferrovias. Imaginamos o Brasil cortado por dois grandes corredores — Norte-Sul e Leste-Oeste — com eixos regionais a serem desenvolvidos”, completou.
O secretário também falou sobre a retomada de trechos no RS afetados por enchentes e sobre os estudos em andamento quanto ao destino da malha sul ferroviária e um possível novo sistema de concessão.
Sobre a Ferrovia Norte-Sul
A construção da Ferrovia Norte-Sul, iniciada em 1987, tem como objetivo oferecer uma alternativa mais econômica para o transporte de cargas, promover a multimodalidade e fortalecer a competitividade dos produtos brasileiros no mercado global.
Na região, o traçado proposto — conforme o EVTEA já aprovado — cruza municípios como Vicente Dutra, Caiçara, Frederico Westphalen, Taquaruçu do Sul, Erval Seco, Dois Irmãos das Missões, Palmeira das Missões e Condor. A proposta busca reduzir os custos de transporte, diminuir a emissão de poluentes e evitar acidentes rodoviários.
Para os prefeitos da Amzop, a concretização da Ferrovia Norte-Sul será um marco para o desenvolvimento regional, atraindo novos investimentos e promovendo uma distribuição mais justa da riqueza nacional. A expectativa é que o projeto modernize a infraestrutura logística e catalise o crescimento econômico sustentável em toda a região.